Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatoide

5 de abril:  Dia Nacional do Doente com Artrite Reumatoide
 
A Artrite Reumatoide é uma doença crónica caraterizada pela inflamação das articulações, que se expressa por edema (inchaço), dor e, por vezes, rubor (vermelhidão) e calor, associada a rigidez e dificuldade na mobilização. 
 
Em 2015, o Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal – EpiReumaPt – caraterizou a sua distribuição na população e demonstrou o predomínio nas mulheres (1,2%) comparativamente aos homens (0,3%). O pico de incidência na mulher é após a menopausa, mas a doença pode manifestar-se em qualquer altura da vida.
 
Nos últimos anos, o progresso no conhecimento permitiu implementar novas estratégias para diminuir o seu impacto. O diagnóstico precoce, realizado por um médico especializado, é fundamental. Iniciar o tratamento adequado, de forma atempada, numa “janela de oportunidade”, modifica significativamente a evolução da doença, previne o dano estrutural e diminui a incapacidade social e laboral. A complexidade e eficácia das terapêuticas disponíveis têm progredido de forma consistente e associam-se a uma modificação efetiva do curso desta doença com um mínimo de riscos ou efeitos secundários. O acesso a fármacos inovadores tem sido garantido no Serviço Nacional de Saúde, o que trouxe enormes benefícios para o tratamento do doente com Artrite Reumatoide. 
 
O plano de tratamento do doente com Artrite Reumatoide deve ser sempre individualizado, em decisão partilhada e de forma multidisciplinar. Sempre que existam dúvidas devem ser colocadas e discutidas com o Reumatologista Assistente. Reconhece-se que a adesão à terapêutica é essencial à melhoria do prognóstico.
 
O envolvimento do doente com Artrite Reumatoide não termina na adesão a medidas farmacológicas.
Existem fatores de risco modificáveis para o início e progressão da doença, como o tabagismo. É, por isso, fundamental alterar de forma consistente os estilos de vida com apoio na informação prestada por profissionais de saúde especializados. Outros fatores de risco como a obesidade, os défices nutricionais e a atividade física inadequada devem, igualmente, ser alvo de modificação. 
 
É compreensível que, por todos estes aspetos, a capacitação e participação do doente nos cuidados de saúde sejam fatores significativos para o sucesso diagnóstico e terapêutico. 
 
A consulta de fontes legítimas e fiáveis de informação, como a página da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (https://spreumatologia.pt/), com áreas dedicadas ao doente reumático e à humanização dos cuidados (“reumanizar”) é um excelente ponto de partida. A integração em Associações de Doentes, criadas com o objetivo primordial de prestar apoio social e educacional aos doentes reumáticos e seus familiares, pode apresentar-se como um importante estímulo ao empoderamento do doente com artrite reumatoide. Em termos nacionais, é de destacar o papel da Associação Nacional dos Doentes com Artrite Reumatoide (A.N.D.A.R.) e da Liga Portuguesa contra as Doenças Reumáticas (LPCDR), que ao longo de mais de duas décadas promovem iniciativas educacionais para os doentes com Artrite Reumatoide, entre outros importantes contributos. 
 
O doente com Artrite Reumatoide tem um papel fundamental na gestão da sua doença, que deve assentar em bases sólidas que incluem o acesso a cuidados diferenciados de Reumatologia.  
 


Artigo elaborado por:
Marília Rodrigues
Assistente Hospitalar de Reumatologia
Pós-graduada em Economia e Gestão em Organizações de Saúde
Diretora do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Leiria