Dia Nacional da Luta Contra o Cancro da Mama
Apesar do número crescente de novos casos de cancro, a intensa investigação científica e a extraordinária evolução dos diversos tipos de tratamentos oncológicos (cirurgia, radioterapia, oncologia, etc.) têm permitido que o cancro possa assemelhar-se, em muitos casos, a uma doença crónica. Uma das áreas onde se têm observado notáveis progressos, não só na sobrevivência e na qualidade de vida das doentes, como também no impacto estético, é precisamente na área do cancro da mama. Apesar de não ser dos cancros mais letais, a sua elevada incidência torna esta doença um problema de saúde pública, com o diagnóstico, no nosso país, de cerca de 6.000 novos casos de cancro da mama por ano e sendo responsável por quatro mortes por dia.
Apenas cinco a 10% dos cancros da mama podem ser atribuídos a causas hereditárias/genéticas, havendo múltiplos outros factores de risco, a maior parte associados a características reprodutivas da mulher ou ao estilo de vida ocidental. Apesar de alguns factores de risco, sobretudo aqueles relacionados com o estilo de vida (ex: tipo de alimentação, peso, prática de exercício físico), poderem ser controlados, outros, como a história familiar de cancro da mama e as características reprodutivas da mulher, não podem ser alterados, pelo que assume particular importância o diagnóstico precoce do cancro da mama através da participação no programa de rastreio de cancro da mama existente em Portugal. Por outro lado, no caso de a mulher detetar um nódulo na mama ou na axila, ou outra alteração como corrimento mamilar anómalo, alteração do aspeto da pele da mama ou deformação do mamilo, é fundamental recorrer de imediato ao médico de família para um exame clínico da mama e realização de mamografia e ecografia mamária. De salientar que, apesar da sua raridade, o cancro da mama também pode desenvolver-se no homem, estando muitas vezes subjacentes causas de origem genética ou hereditária. A deteção do cancro da mama numa fase inicial, a maior parte das vezes na sequência de mamografia realizada através do programa de rastreio, não só permite abordagens terapêuticas cirúrgicas com melhor resultado estético (cirurgia conservadora da mama), como também aumenta a possibilidade de sucesso dos tratamentos oncológicos e, por conseguinte, aumenta a probabilidade de cura.
Assim, neste mês em que assinalamos em especial a luta contra o cancro da mama, é fundamental sensibilizar as mulheres para estarem atentas a quaisquer alterações suspeitas no seu corpo e comunicarem as mesmas ao seu médico de família e para participarem de forma regular no rastreio implementado em Portugal, de forma a que possamos, todos juntos, melhorar a sobrevivência e a qualidade de vida das mulheres que se deparam com esta doença.
Artigo elaborado por Dra. Cristina Pissarro, Diretora do Serviço de Oncologia