Dia Mundial da Ortóptica
- Qual é a sua profissão?
- Sou Ortoptista.
- Ortopedista?
- Não, não, Ortoptista! Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica da área de oftalmologia.
- Ahh Optometrista.
- Não, diz-se mesmo Ortoptista.
A Ortóptica e o ortoptista são ainda desconhecidos para a maior parte das pessoas.
A palavra ortóptica teve a sua origem no século VII, nas palavras gregas “ortho optikos” (olhos direitos), como primeira abordagem prática do tratamento do estrabismo. Está associada a um físico grego, Paulus Aeginata, que procurava com uma máscara totalmente opaca, apenas com dois orifícios, corrigir a posição dos olhos, alterando a sua linha visual, numa tentativa de treinar os olhos "a ver direito".
Para assinalar o Dia Mundial da Ortóptica, explicamos em que consiste esta atividade.
O Ortoptista é especialista na motilidade ocular, sendo a sua ação primária no estrabismo, visão binocular, tratamento da insuficiência de convergência e da ambliopia (olho preguiçoso).
O perfil profissional do Ortoptista do séc. XXI, tendo em conta o seu domínio de saberes e competências na área da Saúde da Visão, fez com que este profissional deixasse de ser unicamente um reeducador da visão binocular e, acompanhando a evolução científica e tecnológica, alargou a sua atividade às novas tecnologias complementares de diagnóstico no âmbito da saúde da visão, realizando exames de exploração anatomofisiológica das diferentes estruturas oculares, com vista à avaliação da função visual e da condução nervosa do estímulo visual. Colabora com o médico oftalmologista no pré e pós-operatório e integra equipas de investigação, ao mesmo tempo que ajuda na prevenção e adequa o melhor tratamento possível em várias patologias como: glaucoma, catarata, retinopatia diabética, degenerescência macular ligada à idade, alterações corneanas e neurológicas e faz o seguimento de casos de baixa visão.
Os Ortoptistas, assim se designam os técnicos que desempenham as atividades que a Ortóptica assume, incorporam o grupo dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT).
Com a expansão da tecnologia em saúde, estes técnicos têm a sua ação cada vez mais alargada. Para além da avaliação visual e análise refrativa, exames como a ecografia ocular, microscopia especular, topografia corneana, biometria com cálculo de lente intra-ocular, tomografia de coerência óptica (OCT) de segmento anterior e posterior, campimetria, adaptação dos auxiliares óticos para baixa visão, fotografias da retina (com e sem contraste), análise da lágrima e mais recentemente os OCT-A (tomografia de coerência óptica associada a angiografia) fazem parte do dia-a-dia destes profissionais de saúde, que têm como objetivo principal potenciar a saúde da visão em todas as suas vertentes, estando assim aptos a atuar em todas as idades.
Podemos encontrar estes profissionais integrando equipas multidisciplinares, desenvolvendo a sua atividade em hospitais, clínicas, centros de saúde, óticas, participando também em rastreios visuais junto da população, em ações de sensibilização e centros de investigação.
A primeira Ortoptista portuguesa, Maria Teresa Trigueiros, estudou em Londres e começou a exercer a sua profissão em território nacional em 1963, no hospital São João. Foi também nesse ano que teve início a lecionação do primeiro curso de Ortóptica em Portugal, na altura com sete alunos, sendo lecionado por professores de Medicina.
Hoje em dia, o curso é designado de Ortóptica e Ciências da Visão e é ministrado nas Escolas Superiores de Tecnologias da Saúde. O seu conteúdo funcional está regulado pela legislação DL n.º110/2017 de 31/8; DL nº 111/2017 de 31/8 e tem vindo a ser alterado e atualizado à medida que a tecnologia vai evoluindo. A sua habilitação profissional está certificada oficialmente pelo Ministério da Saúde, através da emissão de cédula profissional.
Sendo o olho uma extensão do cérebro e responsável por cerca de 80% da informação exterior que recebemos, os Ortoptistas têm também uma responsabilidade acrescida no bem estar biopsicossocial do indivíduo.
“...O olho que é chamado a janela da alma, é o principal meio pelo qual a compreensão pode apreciar as infinitas obras da natureza...” Leonardo da Vinci
Artigo elaborado por:
Carla Cristina Silva, Ortoptista Coordenadora do Centro Hospitalar de Leiria.
Artigo escrito em colaboração com todas as ortoptistas da instituição.
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Dia Mundial da Ortóptica 2022
Dia Mundial da Ortóptica 2022
Assinala-se a 6 de junho o Dia Mundial da Ortóptica e aproveitamos este dia para relembrar as várias áreas de ação da nossa profissão.
Assinala-se a 6 de junho o Dia Mundial da Ortóptica e aproveitamos este dia para relembrar as várias áreas de ação da nossa profissão.
Dentro dos vários exames de diagnóstico e terapêutica que são realizados no serviço de Oftalmologia do Centro Hospitalar de Leiria, nos quais se incluem as avaliações e terapias oculares, exames como tomografia de coerência ótica de segmento anterior e posterior, campos visuais, fotografias da retina (com e sem contraste), microscopia especular, topografia corneana, biometria com cálculo de lente intraocular, o OCTA (tomografia de coerência óptica – com angiografia associada), e mais recentemente a eletrofisiologia, fazem parte do nosso dia a dia e têm como objetivo principal potenciar a saúde da visão, em todas as suas vertentes.
Falemos então sobre o exame da eletrofisiologia que desde novembro de 2021 começámos a realizar no nosso serviço e que é uma mais valia no diagnóstico de determinadas patologias, permitindo um encaminhamento do doente sem que este tenha de se descolar a outra instituição para o exame, como antes acontecia.
Os exames electrofisiológicos visuais incluem uma série de testes que utilizam uma variedade de tecnologias e métodos sofisticados para detectar, diagnosticar e avaliar várias doenças do sistema visual, bem como auxiliar no quadro de situações médico legais. São métodos objetivos, não-invasivos, e são realizados segundo os critérios previamente estabelecidos.
Estes testes avaliam a função visual ao longo da via ótica, da retina ao cérebro (córtex visual), ajudando a estabelecer o diagnóstico correto ou a excluir doenças com repercussão no sistema visual.
A este nível realizamos os seguintes exames PEV (Potenciais Evocados Visuais), ERG (Electroretinograma) Flash e Multifocal, e EOG (Electro-oculograma).
Os testes electrofisiológicos são úteis no diagnóstico de uma variedade de doenças, hereditárias ou adquiridas, da retina e do nervo ótico, perda visual inexplicada, doenças tóxicas e nutricionais, doenças inflamatórias, doenças imunológicas do sistema visual, nistagmo, doenças neurológicas, como esclerose múltipla, opacidade dos meios óticos, traumatismos, corpos estranhos intraoculares, e doenças vasculares da retina. Os dados são usados em conjunto com o exame clínico e se necessário com outros exames para estabelecer um diagnóstico correto.
Como dizia Leonardo da Vinci “O olho é a janela do corpo humano pela qual ele abre os caminhos e se deleita com a beleza do mundo…”, o olho não nos mostra só a beleza do mundo como também nos permite ver para além do mesmo; com este exame conseguimos não só diagnosticar doenças oculares, mas também alterações neurológicas ou outras patologias que até então eram desconhecidas.
As Ortoptistas
Ana Filipa Cunha
Mara Rosa Gonçalves
[Ortoptistas da carreira dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT) no Centro Hospitalar de Leiria]