Dia Mundial da Obesidade
Nutricionista vs Obesidade vs Covid 19
Mais de metade da população portuguesa (62%) sofre de obesidade ou pré-obesidade, segundo um estudo recente do Instituto Ricardo Jorge.
Mais de metade da população portuguesa (62%) sofre de obesidade ou pré-obesidade, segundo um estudo recente do Instituto Ricardo Jorge.
Com a atual pandemia de COVID-19, este problema poderá agravar-se devido à redução da atividade física (mesmo nos casos em que esta atividade se limitava a pequenas caminhadas regulares), escolhas alimentares menos saudáveis (já que o confinamento e a consequente falta de sociabilização podem interferir com o apetite, bem como com a vontade de ingerir alimentos menos saudáveis (mas de algum modo “reconfortantes”) e também devido à suspensão ou redução das consultas na área da Nutrição. O tratamento e acompanhamento do doente obeso são, por isso, muito importantes neste contexto de pandemia.
Porque Nutricionistas são seres humanos sujeitos a todas as condicionantes sociais e emocionais vividas por todos os restantes, como coordenadora destes profissionais do CHL coloquei duas questões àqueles que mais regularmente realizam Consultas Externas de Nutrição em contexto de Obesidade (adultos e crianças).
1. Após um ano de COVID-19, e em contexto de consulta externa, qual foi, para vós, a maior dificuldade na implementação/seguimento/cumprimento de um plano alimentar a um utente com algum grau de obesidade ou excesso de peso com vista à perda de peso?
[Ângela Carvalho] Os confinamentos, que obrigam a uma “privação da nossa liberdade” causam na maioria das pessoas uma dificuldade em manter a motivação, em manter o foco no objetivo traçado. A alimentação acaba por ser um refúgio de obtenção de conforto emocional, e à custa de alimentos densamente calóricos, o que conjugado com um maior sedentarismo resulta num aumento de peso.
[Fernando Costa] Passou-se de um exagerado consumo de “pão, pão, bolos, bolos”, para uma maior diversificação alimentar, em que a depressão e a ansiedade sentidas e vividas pela comunidade “convidou” a grande maioria da população a cozinhar mais vezes, porque “é bom e distrai”! A falta de um complemento de atividade física, a que se estava habituado foi crucial para resultados nutricionais “desastrosos”.
[Joana Moutinho e Raquel Oliveira] As crianças passaram a ter aulas em casa, ficaram sem atividades extracurriculares, tornando-se mais sedentárias; aumentaram as horas de ecrãs, alteraram hábitos alimentares e de sono. De um dia para o outro viram-se confinadas a quatro paredes, com comida sempre à disposição. Tornou-se muito difícil conseguir que uma criança /adolescente cumpra um plano alimentar equilibrado.
[Tânia Jorge] A maior disponibilidade de alimentos de conforto como doces e snacks; a falta de horários de refeições e a falta de exercício físico. A alimentação pode funcionar como fonte de prazer em resposta ao impacto psicológico da restrição da liberdade, do convívio familiar e social.
2. Qual foi o sentimento que isso vos deixou?
[Ângela Carvalho] Sentimento de impotência, de frustração, no entanto, esta pandemia levou-nos a flexibilizar atitudes, a reinventarmo-nos e, acima de tudo, a sermos resilientes.
[Fernando Costa] Se por um lado houve casos em que me senti extremamente útil por ter sido mais um a ajudar e a colaborar no combate aos efeitos nefastos da pandemia, por outro, houve momentos em que senti uma enorme frustração em não ter conseguido motivar, mais e melhor.
[Tânia Jorge] Sensação de incapacidade e frustração por não conseguir motivar mais os utentes para o cumprimento do plano mas também de aceitação das limitações que estes tempos nos trouxeram.
Artigo elaborado por Graça Medina, Coordenadora da UND do CHL
10 de março de 2021
10 de março de 2021
Vídeo - Dia Mundial da Obesidade 2021
Visualize aqui o vídeo elaborado por Graça Medina, Coordenadora da Unidade de Nutrição e Dietética, desenvolvido no âmbito do Dia Mundial da Obesidade.